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Legado no Ceará
Passeio pela arquitetura portuguesa
Hoje completam 510 anos da chegada dos portugueses em solo nacional. O POVO aponta edificações e traços portugueses existentes no Ceará. Entre os destaques, o prédio da 10ª Região MIlitar e construções em Aracati.
Por Angélica Feitosa
O olhar que lança sobre o mundo permite ao arquiteto Brennand de Souza ver pequenos detalhes do paisagismo e da arquitetura sempre que vai ao Centro de Fortaleza. Ele observa, com cuidado, os prédios antigos - levando-se em conta a idade da Capital, com 284 anos. ``Fortaleza é uma cidade recente, nasceu enquanto o restante do País já estava em desenvolvimento``, evidencia. Ele não consegue vislumbrar um número muito expressivo de edifícios históricos com influência portuguesa na arquitetura. Ainda assim, aponta algumas heranças lusitanas presentes na cidade.
No dia em que a chegada dos portugueses ao País completa 510 anos, O POVO pediu a orientação de professores e pesquisadores para saber o que o Estado conserva de influências arquitetônicas portuguesas. Segundo Brennand, em Fortaleza vingou algumas pequenas edificações em termos de estilo. Elas foram arruinadas pelo tempo e pela falta de preservação.
``Prédios maiores onde hoje funcionam algumas instituições públicas como a Secretaria da Fazenda (avenida Alberto Nepomuceno) e a Caixa Econômica Federal (rua Guilherme Rocha) têm preponderâncias de Portugal``. O país português, como a maior parte do mundo ocidental, seguia os padrões de arquitetura ditados pela França, mas precisamente, Paris. O legado parisiense chegou a Fortaleza por tabela, passando pelo entremeio dos colonizadores.
``O Forte de Nossa Senhora da Assunção (que abriga a 10ª. Região Militar) foi uma das poucas construções na cidade que representa bem esse legado``, aponta o historiador Francisco Pinheiro, vice-governador do Ceará. Inicialmente, a fortaleza foi construída por holandeses (Forte Schoonenborch), mas acabou derrubado e, em seu lugar, os lusitanos ergueram outro equipamento feito pelo projeto do engenheiro Silva Paulet, o mesmo que realizou o traçado das ruas em forma de xadrez do Centro. ``O
forte nunca foi usado como proteção, até porque, na época da construção, a cidade não sofria mais tanta ameaça de invasão. Era apenas uma maneira de demarcar o espaço português na cidade``, pontua.
PreservaçãoSão várias as razões para que Fortaleza não mantenha preservados os traçados europeus dos casarões históricos. A falta de uso é o principal motivo. ``As edificações só são mantidas se estiverem sendo usadas ou com a ajuda de alguma lei que as proteja``, aposta o doutor em História da Arte pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Albio Sales.
Professor da Uece, Sales indica que o maior registro português na cidade é o traçado do Centro, o mesmo existente em Lisboa. ``O traçado português é bastante universal, mas a influência daqui é da corte``.
A capital cearense não foi uma cidade rica. ``Aracati teve muito mais opulência financeira. Ela (Fortaleza) só vai crescer mais tarde, com o Porto do Mucuripe``, atesta o doutor em sociologia pela UFC, Rosendo Amorim, professor da Unifor.
E-Mais> >A Praça Portugal foi criada em 1947, mas foi inaugurada definitivamente em 1968. Hoje, a praça faz parte do circuito independente da cidade e reúne jovens que gostam da cena pop/rock, interessados nos animes, mangás e RPGs.
> > Fortaleza é uma cidade jovem, aos 284 anos. São Vicente, em São Paulo, a rimeira reconhecida como vila no País, já completa 478 anos.
> > No fim do século XVIII, Aracati se transformara na praça de negócios ais desenvolvida do Ceará, junto às vilas de São Bernardo das Russas e Icó.
> >Professor Rosendo Amorim aponta, em Aracati, preservações edificadas no século XVIII e residências que ainda guardam, na fachada, a herança da colonização portuguesa.
> > As primeiras igrejas no Ceará foram feitas com plantas de Portugal. Desde a matriz da Igreja do Rosário (Centro), Parangaba, da cidade de Baturité, de Aracati e até de Viçosa. ``Foram todas igrejas coloniais, com afrescos preservados em algumas delas``, diz o padre Edilberto Cavalcante, professor da Uece e da Faculdade Católica Cearense.
Referências no InteriorEm cidades como Aracati e Icó, encontramos as maiores influências lusitanas no Ceará. A afirmação é do professor de História da Arte da UFC, João Alfredo de Sá Pessoa, português radicado em Fortaleza há mais de 30 anos. ``Vemos, nas ruas principais de Aracati, casas revestidas azulejos, um traço tipicamente português``, define. No Ceará, segundo Sá Pessoa, observamos a arquitetura portuguesa no revestimento das casas da rua Grande (coronel Alexanzito) em Aracati. ``Há influência do barroco português em muitas igrejas: na matriz de Viçosa, na São José de Ribamar, em Aquiraz, e Igreja do Rosário, em Fortaleza``.
O professor nega que a Capital tenha recebido muitas heranças do país colonizador. ``Portugal não tem uma herança arquitetônica original``. Segundo ele, a arquitetura popular é construída de acordo com o clima e,
em Fortaleza, a maioria das residências populares na cidade vinha de remodelações indígenas.
Olha, conheço muito bem Aracati e seus sobrados históricos e considero a Rua Cel. Alexanzito ou Rua Grande como é conhecida por lá, a rua mais bonita do Ceará, e eu conheço a maioria dos munícipios cearenses. A Rua Grande é um verdadeiro museu a ceu aberto. É linda demais e bem conservada.