Imagem:L'Osservatore Romano/AP
Por Cynara Menezes:
A omissão é um pecado que se faz não fazendo, ensinou o padre Antônio Vieira quatro séculos- atrás. Mesmo com as denúncias de abusos sexuais por sacerdotes a pipocar no mundo inteiro nos últimos dez anos, foi preciso que a sombra da pedofilia se aproximasse do Vaticano para o comando da Igreja Católica decidir enfrentar o assunto de maneira um pouco mais transparente – e firme. No sábado 20, o papa Bento XVI vai divulgar uma carta aos fiéis da Irlanda condenando a pedofilia, na tentativa de “curar” um país onde os abusos, de tão numerosos, foram considerados endêmicos.
Dois informes sobre pedofilia na Igreja irlandesa, concluídos em maio e em novembro de 2009, revelaram que ao menos 15 mil crianças e adolescentes foram vítimas de abusos físicos e sexuais ao longo dos últimos 60 anos em escolas e instituições correcionais católicas. No entanto, os relatórios não pareciam ter sido capazes de provocar no papa a reação imediata que acontece agora, quando surgiram as acusações de pedofilia na Alemanha e que o nome de seu irmão, o monsenhor aposentado Georg Ratzinger, foi citado.
Os casos de abuso teriam ocorrido com integrantes do coro de rapazes da catedral de Regensburgo, conduzida pelo irmão do papa durante 30 anos, entre 1964 e 1994. De acordo com a Igreja, não foi nesse meio-tempo que os abusos aconteceram, e sim antes. Numa entrevista logo após a divulgação das denúncias, Georg Ratzinger admitiu ter dado tabefes no rosto dos meninos como punição, mas negou os abusos.
A crescente onda de denúncias em seu país de origem ainda não foi abordada pelo papa, mas a Arquidiocese de Munique reconheceu publicamente ter errado ao permitir que em 1980 um padre suspeito de pedofilia retornasse ao trabalho pastoral. Ninguém menos que Joseph Ratzinger era o arcebispo então. A Igreja denunciou uma tentativa “fracassada” de envolver o papa, mas a ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarreberger, engrossou o coro ao acusar Bento XVI de ser um dos responsáveis pelo “muro de silêncio” construído em torno da pedofilia.
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Dois informes sobre pedofilia na Igreja irlandesa, concluídos em maio e em novembro de 2009, revelaram que ao menos 15 mil crianças e adolescentes foram vítimas de abusos físicos e sexuais ao longo dos últimos 60 anos em escolas e instituições correcionais católicas. No entanto, os relatórios não pareciam ter sido capazes de provocar no papa a reação imediata que acontece agora, quando surgiram as acusações de pedofilia na Alemanha e que o nome de seu irmão, o monsenhor aposentado Georg Ratzinger, foi citado.
Os casos de abuso teriam ocorrido com integrantes do coro de rapazes da catedral de Regensburgo, conduzida pelo irmão do papa durante 30 anos, entre 1964 e 1994. De acordo com a Igreja, não foi nesse meio-tempo que os abusos aconteceram, e sim antes. Numa entrevista logo após a divulgação das denúncias, Georg Ratzinger admitiu ter dado tabefes no rosto dos meninos como punição, mas negou os abusos.
A crescente onda de denúncias em seu país de origem ainda não foi abordada pelo papa, mas a Arquidiocese de Munique reconheceu publicamente ter errado ao permitir que em 1980 um padre suspeito de pedofilia retornasse ao trabalho pastoral. Ninguém menos que Joseph Ratzinger era o arcebispo então. A Igreja denunciou uma tentativa “fracassada” de envolver o papa, mas a ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarreberger, engrossou o coro ao acusar Bento XVI de ser um dos responsáveis pelo “muro de silêncio” construído em torno da pedofilia.
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